(São Paulo, novembro de 2015) A primeira vista, o Natal na Martinica é como em qualquer outro lugar do mundo: casas decoradas e crianças ansiosas pela chegada do Papai Noel. Mas, na verdade, o Natal na Martinica conta uma história diferente.
A versão martinicana do pinheiro de Natal, a casuarina (ou pinheiro-casuarina) brilha tanto quanto uma noite estrelada no topo do Monte Pelée, a delicada flor que os martinicanos carinhosamente chamam de Fleuri Nöel (algo como Flor do Natal, em português) é, apenas nesta época do ano, em plena floração e o típico presépio – ou cena da manjedoura – é recriado em miniatura ou com pessoas nas praças da cidade ou nas igrejas, com figuras humanas e animais de verdade.
A tradicional ceia de Natal geralmente gira em torno de um tender defumado e caramelizado, marinado por dias, pequenos patês quentes, inhame, boudin créole (uma linguiça picante da Índia Ocidental) e um ragu apimentado de porco, servido com ervilhas. Tudo coroado pela Bûche de Nöel ou “tronco de Natal”, sobremesa típica desta época do ano, servida na França e outros países francófonos.
Outra especialidade na Martinica no Natal, quando laranjas e tangerinas estão em grande abundância, é o Shrubb, um delicioso e refinado licor, feito a partir de cascas secas da fruta, xarope de cana de açúcar, e rum branco. Outras bebidas festivas ainda incluem o ponche de rum Créole e bebidas alcoólicas aromatizadas com alcaçuz, coco ou hibisco.
Os Corais de Natal são o forte da temporada na Martinica e lá são chamados de Chanté Noël. Esta antiga tradição vem desde a Idade Média, na França, quando amigos e familiares se reuniam na casa uns dos outros para celebrar o nascimento de Cristo. Na Martinica, no entanto, essas canções são todas cantadas coração de coração, com adaptação Créole. Durante as três semanas que antecedem o Natal, as pessoas se reúnem nas casas umas das outras, trazem comida e cantam durante toda a noite. De costa a costa, de norte a sul, de aldeias de pescadores a aldeias do interior, as vozes de amigos, familiares e vizinhos se unem no Chanté Noël, acompanhadas pela batida de tambores, pelo ritmo da Ti bwa e, às vezes, por antigos violinos e acordeões.
A partir do primeiro domingo do Advento até o dia de Natal, estes alegres encontros são uma das tradições mais estimadas da Martinica e uma vitrine perfeita do calor e do espírito do povo martinicano.
Autor: Ana Lúcia Severo | ana.severo@cap-amazon.com | (11) 4508 8465 www.cap-amazon.com/